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Nonato Assis de Miranda

Eram 10 irmãos, cresceram em fazenda. Veio para São Paulo aos 14 anos. Primeiro trabalhou como gandula e depois como office boy. Graduou-se em Pedagogia em 1989 e no ano seguinte já começou a lecionar. Em 19944 começou a estudar Letras formando-se 2 anos depois. Fez diversos cursos de aperfeiçoamento.

Em 2000, ingressou no Mestrado em Administração. Em 2003, começou a lecionar e conseguiu uma bolsa para Mestrado em Educação, logo depois ingressou no Doutorado.  

Conheceu a USCS ao procurar concursos para Universidades Públicas. Prestou concurso e ingressou na universidade em 2011, no campus Centro. 

Após receber o convite para a gestão do curso de Pedagogia, conseguiram criar o EAD em Pedagogia e depois o Mestrado em Educação na USCS. 

Nome:Nonato Assis de Miranda
Nascimento:29/01/1965
Gênero:Masculino
Profissão:Professor e Gestor
Nacionalidade:Brasil
Naturalidade:Sabinópolis (MG)

TRANSCRIÇÃO DO DEPOIMENTO DE NONATO ASSIS DE MIRANDA EM 29/06/2018
Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS).
Núcleo de Pesquisas Memórias do ABC e Laboratório Hipermídias.
Depoimento de Nonato Assis de Miranda, 53 anos.
Laboratório Hipermídias USCS, 29 de junho de 2018.
Entrevistadora: Luciano Cruz.
Transcritor: Pamela Silva Carvalho.


Pergunta:
Para começar Nonato, eu gostaria que você me falasse seu nome completo, local e data de nascimento, por favor.


Resposta:
Nonato Assis de Miranda. Nasci em Sabinópolis, Minas Gerais, em 29 de janeiro de 1965.


Pergunta:
Nonato, quais são aquelas lembranças dessa primeira infância em Minas Gerais que lhe vem à cabeça?


Resposta:
Olha... Com, eu sou uma pessoa que nasceu na roça. Nasci na roça, nasci com parteira... E eu não me lembro muito da onde eu nasci, lembro-me mais da cidade em que me criei, então a infância que eu me lembro mais... Nós morávamos em fazendas mesmo, a fazenda grande de criação pecuária, bovina e minha vida foi essa. No primeiro momento sempre foi lá, eu não tive acesso à educação infantil, porque naquela época não existia isso, não é como é hoje, então os meus primeiro anos de infância foram em casa mesmo... Eu tinha uma família grande, nós éramos dez irmãos, um faleceu... Então brincávamos entre nós mesmos, sempre na fazenda mesmo.


Pergunta:
Fala um pouquinho da convivência familiar com esses outros nove irmãos, como era a relação com os seus pais, quem era o mais rígido, como era esse núcleo familiar?


Resposta:
Então... É engraçado, por incrível que pareça, a minha mãe sempre foi muito rígida, minha ame era muito, muito rígida, meu pai não, meu pai sempre foi uma pessoa tranquila, nunca foi muito de cobrar da gente, de ser duro, enquanto a minha mãe era brava, brava de bater [risos], ela era assim mesmo. Eu tive uma educação muito rígida, fazia parte do contexto da época, hoje nada disso seria possível, mas naquela época os tempos eram outros, não existia o Estatuto da Criança e do Adolescente, então a educação era realmente muito rígida. Eram valores absolutamente condizentes com a época, por exemplo, eu jamais critiquei a minha mãe pelas atitudes dela da época porque eu entendo como era naquele momento, evidentemente que hoje ela é uma pessoa totalmente diferente, mas naquela época ela era assim, muito dura conosco, tinham alguns códigos de convivências que já eram combinados com relação à questão da família, a família tradicional, grande, com muitos irmãos, então havia as regras que tinham que ser bem respeitadas. Nós convivíamos muito bem uns com os outros, uns evidentemente protegiam aos outros, tal como eu acredito que deva ser uma família. Evidentemente que isso não durou muito tempo, no sentido de que por morarmos em uma cidade pequena, chegou um momento em que tínhamos que sair ir para o mundo, para poder construir a vida, repensar o mundo mesmo, e eu, por exemplo, vim para São Paulo aos 14 anos, eu vim muito cedo para cá. Meu irmão já tinha vindo para São Paulo, e eu vim para cá e tive uma vida muito dura naquele momento porque não tínhamos familiares, fomos morar praticamente em repúblicas, era uma coisa difícil, eu não tinha nem noção para isso, mas foi o possível para a época. Mas antes, lá, evidentemente que eu estudei um pouco, fiz na época, que era o antigo grupo escolar, depois que teve a mudança, e aí quando eu vim para São Paulo fui fazer a equivalente à quinta série ou sexto ano do ensino fundamental de hoje.


Pergunta:
Qual o nome dos seus pais?


Resposta:
Minha mãe se chama Maria da Conceição Gomes e meu pai Geraldo Guimarães de Miranda.


Pergunta:
Você falou que lá mesmo na sua cidade você começou a sua vida escolar...


Resposta:
Eu comecei.


Pergunta:
Como foi esse começo, esse impacto, o que você se lembra dessa fase?


Resposta:
Eu me lembro bem disso. Isso foi em 1973, eu ingressei no primeiro ano do antigo primeiro grau, lembro-me de que foi um período difícil porque quando você está chegando à escola, você não tem noção do que é, tinha a ansiedade grande de entrar na escola porque todo mundo ia, então você tinha uma vontade grande de ir para conhecer novas pessoas, [5'] e assim por diante. Eu comecei a estudar em uma cidade, porque a gente morava na fazenda e era um pouco distante, mas íamos e voltávamos talvez ao equivalente de cinco quilômetros, íamos a pé e voltávamos. E aí depois nós nos mudamos para uma região mais distante, aí eu estudei em uma escola de roça mesmo, era uma escola de classe muito seriada, não sei se você sabe o que é isso, mas a classe muito seriada é uma classe em que se misturam crianças de diferentes séries, eu cheguei a fazer o segundo ano em uma classe com esse formato. Fiquei só um ano, pois queria muito voltar para a cidade. Minha irmã mais velha havia voltado para essa cidade em que estávamos e eu acabei indo. Engraçado é que, assim, eu não tinha aonde ficar e menti para a minha mãe, disse para ela que havia umas senhoras lá... Aliás, pretendo visita-las agora em julho, não elas, porque já faleceram, mas a família... E eu disse para a minha mãe que eles haviam me convidado para ficar na casa deles, mas não era a verdade. Eu fui para lá e cheguei, ela permitiu, mas eu cheguei e não tinha telefone, não tinha internet, não existia nada naquela época, e eu fui à cidade, cheguei lá e falei: ‘Vim para ficar!' e, bom, não tinha o que falar, eu era um menino e eles me deixaram ficar. Fique lá por alguns anos estudando com eles, até que eu terminei a antiga quarta série do primeiro grau, isso já... E aí eu acabei parando no último ano, quando eu comecei a quinta série lá que eu vim para São Paulo em maio de 1979, lembro-me bem, dia 17 de maio de 1979 eu vim para São Paulo e desde então estou aqui, vou completar 40 anos em São Paulo.


Pergunta:
Como foi essa decisão de vir para São Paulo? E antes disso, você falou de um irmão mais velho, uma irmã mais velha, onde você se localizava?


Resposta:
Eu sou o quarto. Eu sou o quarto da família de dez irmãos. Em sempre fui muito dedicado, inclusive quando você me perguntou como era a relação com meus pais, minha mãe que foi muito dura, mas hoje eu tenho uma relação muito boa com ela, eu acho que sempre fui uma pessoa muito focada, sempre fiz o que eu queria, desde pequeno, quando eu queria estudar, eu fui e inventei essa história, estudei, vim para São Paulo, mesmo diante das circunstancias todas, meu irmão já estava aqui e eu vim para ficar com ele, também comecei a trabalhar logo em seguida e estudando sempre. Eu sou uma pessoa que... Eu me considero uma pessoa absolutamente vitoriosa. Eu tive muita dificuldade em são Paulo, o meu início foi muito difícil, tanto que... Mesmo financeiramente, passei muita dificuldade e eu nunca imaginei que eu pudesse chegar aonde eu cheguei, então eu sou uma pessoa que agradece a Deus todos os dias por onde eu estou, porque eu achava que... Eu tinha sonhos, mas eu ultrapassei tudo o que eu gostaria de fazer e eu acho que a educação me proporcionou tudo isso. Eu vim para cá, comecei a trabalhar num escritório em meu primeiro emprego, fui para uma agência de treinamento, mas antes disso, a primeira coisa que eu fiz em São Paulo... Eu fui gandula!


Pergunta:
Gandula?


Resposta:
Eu fui gandula em um clube de tênis. Foi em meu primeiro ano, eu fui lá, o tempo era bom, eu me dei muito bem, mas depois eu queria trabalhar em escritório, aí eu fui...


Pergunta:
Como você conseguiu esse emprego de gandula?


Resposta:
Meu irmão trabalhava no clube, ele trabalhava de garçom e arrumou, e eu fui trabalhar no Clube Paulistano, que ficava no Jardim América.


Pergunta:
Ele começou primeiro que você?


Resposta:
Primeiro que eu. Aí eu fui, mas também já trabalhava durante o dia, de manhã e estudava à tarde, depois eu comecei... Já na sexta série eu consegui transferir para o noturno e trabalhar durante o dia, aí eu arrumei o emprego de Office Boy, fui Office Boy durante um período, não me lembro exatamente por quantos anos...


Pergunta:
E conheceu São Paulo?


Resposta:
Conheci São Paulo na raça, porque eu não conhecia São Paulo [risos]. E naquela época, acho que vocês não sabem disso, para encontrar as ruas, existia um negócio chamado de guia, parecia um livro e você tinha que procurar a rua em ordem alfabética, depois tinha que ir ao mapa, colocar lá a placa horizontal e vertical para descobrir mais ou menos onde que ficava a rua, para descobrir como chegar lá. E eu sempre fui muito atento aonde eu ia, prestava atenção, guardava na memória o nome das ruas... [10'] Eu sei que fui nessa agência um dia só, no dia seguinte me mandaram e eu não podia dizer que eu não sabia tudo, eu tinha que me virar... E eu me considero um pouco esperto porque olha o que eu fazia: eu descobria onde eventualmente eu deveria ir, eu já procurava saber os endereços antes para que se alguém pedisse, eu falasse: ‘Eu sei como chegar', então isso acabava me favorecendo. Aí eu acabei... Já estava quase em fase de exército, então foi um período difícil também, porque você não arruma emprego... Hoje não sei se é assim, mas naquela época você não conseguia emprego no período de exército, porque se você se alistasse e fosse convocado para prestar serviço militar, a empresa não podia te demitir, então para eu conseguir um emprego eu fiz um acordo, eu entrei já com um pedido de demissão para eles poderem me dar o emprego. Eu falei: ‘Eu entro, se eu for convocado, deixo meu pedido de demissão', eu negociei com o dono da empresa que ficava lá na Faria Lima, eles aceitaram, e lá eu trabalhei por oito anos.


Pergunta:
Você disse que superou os seus sonhos e eu queria te perguntar, nessa época, qual era o seu objetivo se alguém perguntasse?


Resposta:
Olha, por incrível que pareça, meu sonho, na verdade... Eu tinha um sonho de comprar um carro, meu sonho era ter um Escort, nunca me esqueço disso, era um Escort XR3, esse carro na época era um carro assim... Bonito. Eu andava de ônibus, via aqueles carros e falava: ‘Meu sonho é ter um carro, um Escort XR3'... Mas eu trabalhando, não me lembro exatamente qual o ano, eu ganhava um salário mínimo, mas eu comprei o meu primeiro carro que foi um Fusca 1973, lembro-me de que fui à fila de automóveis, nem testei nem nada, apenas achei bonito e comprei O carro tinha mil problemas, comprei em muitas prestações, fui pagando e lá na frente eu cheguei a comprar um Escort, não um XR3, mas acabei comprando um carro né, mas esse era um sonho. Aí as coisas foram acontecendo...


Pergunta:
E você estava estudando?


Resposta:
Sempre estudando. Sempre trabalhei e estudei. Chegar à universidade era um sonho para mim também. Eu terminei o ensino médio, que na época era chamado de ensino de segundo grau, terminei em 1985 e eu queria entrar na universidade, não sabia nem o que eu queria fazer, mas eu queria entrar. Eu era um aluno dedicado, com ótimas notas e aí eu resolvi concorrer para uma faculdade particular que fica na região da Lapa, mesmo as instituições particulares daquela época eram concorridas, então eu prestei o concurso. Ia prestar para a administração de empresas, aí eu fui, chegando lá na faculdade, eu perguntei a uma moça se ela ia fazer inscrição para fazer o vestibular, ela falou: ‘Não, eu vim pegar o diploma', ‘Ah! Do que você fez?', ‘Eu fiz pedagogia', eu perguntei: ‘Ah, mas o que é pedagogia?', aí ela me contou e na hora eu mudei de ideia, fiz inscrição para pedagogia e entrei.


Pergunta:
Tão bom planejar as coisas né?


Resposta:
Pois é! [risos]


Pergunta:
________________________


Resposta:
Sem muito saber o que era eu acabei escolhendo pedagogia e fui, enfim, me encontrando dentro de pedagogia. No primeiro momento você sofre muito, porque os primeiros anos de uma faculdade são uns desafios para todos os alunos, e eu fazia uma confusão entre filosofia e sociologia porque era tudo igual para mim, eu não conseguia fazer a diferença de nada, mas enfim, era um curso anual e eu fui indo e terminei o meu curso. Em 1989 eu terminei o meu curso, terminei pedagogia e em 1990 eu ingressei como professor. Como professor eu já consegui aulas, comecei a lecionar no estado, não na área de educação, mas como faltavam muitos professores eu optei, vi que tinham um monte de disciplina e falei: ‘Ah, essa aqui eu consigo lecionar', aí eu me inscrevi e comecei a dar aulas de educação moral e cívica, OSPB, aquelas disciplinas que eu achava que tinha um pouco a ver. Aí eu comecei a ir, mas eu tinha um problema com isso, porque eu trabalhava... Eu comecei a ter uma dupla jornada, porque eu trabalhava e uma empresa que já estava há bastante tempo e passei a lecionar a noite, daí eu conciliava esses dois vínculos. É curioso que quando eu comecei a lecionar, guardei todo o meu dinheiro que recebia do estado, o salário de professor [15'], fui guardando todo ele, não mexia, usava só o dinheiro que eu recebia da empresa transportadora, fui guardando... Eu já tinha outro sonho, já tinha o meu Fusca, mas em meu outro sonho eu tinha muita vontade de comprar um imóvel, aí eu comecei guardando dinheiro. Só que aí eu percebi que como eu não tinha formação específica para a área, eu perdia as aulas, e eu ficava sempre muito ansioso por correr o risco de não ter aulas no dia seguinte, então era um dilema para mim que ao final do ano, em que todo mundo estava feliz por entrar de férias, para mim era um sofrimento porque eu sabia que ia perder as aulas e não sabia se iam conseguir outras aulas no ano seguinte, estava sempre ansioso para pegar aulas.


Pergunta:
Qual era o critério?


Resposta:
O critério naquela época era assim... Hoje, por incrível que pareça, eu trabalho na atribuição de aulas, sou uma pessoa que trabalha atribuindo aulas aos professores, como as coisas acontecem né... O critério é por classificação, então tem os titulares de cargo, os professores aprovados em concurso, têm aqueles que são estáveis, o que ao formados na área, e aí por diante, eu era um dos últimos, a minha classificação era ruim porque eu não era formado na área. E aí o que eu fiz, eu resolvi fazer outro curso, aí entrei no curso de letras. Não existia educação à distância, isso em 1994 e como não existia ensino à distância... Mas já existia uma espécie de educação à distância, mas não oficial, era uma coisa que estava acontecendo que não era muito correta, eram instituições que você ia basicamente assim, não todos os dias, porque eu tinha despensa de certas disciplinas por já as ter cursado na faculdade de pedagogia, e com isso não precisava ir todos os dias, e não era aqui em São Paulo, era no sul de Minas, então eu geralmente ia ás quintas-feiras, fazia quinta, sexta e sábado o dia todo e voltava, fiz isso durante dois anos. Formei-me em letras e aí as coisas ficaram mais fáceis para mim, como eu entrei em 1994, em 1996 eu já estava formado em letras e as coisas ficaram mais tranquilas. Em 1997 eu prestei o meu primeiro concurso público para professor, fui aprovado, prestei para professor de inglês, fui aprovado e passei a ser titular do estado.


Pergunta:
Você estava na rede pública?


Resposta:
Rede pública. Aí eu consegui um emprego em uma escola particular bastante conceituada, que me convidou para trabalhar tendo que ter um domínio pleno do inglês, que eu não tinha. Eu não tinha muito domínio de língua inglesa, mas eu não podia dar o braço a torcer e falar que eu não tinha esse domínio, eu ia assumir o emprego, sofri muito no início, aí nas primeiras férias que eu tive, eu fui estudar fora, eu estava fazendo curso e aí eu comecei a fazer curso de imersão, em julho eu sempre fazia curso de imersão, eu ia para fora do país para poder aperfeiçoar o inglês.


Pergunta:
E o dinheiro você foi guardando né?


Resposta:
Guardando, sempre guardando o meu dinheiro.


Pergunta:
Usando da própria economia para investir na educação.


Resposta:
Exatamente. Exatamente. Porque, na verdade, eu guardei esse dinheiro em 1992, acho que é isso mesmo se eu não me engano, em 1992 eu comprei meu apartamento, com muitas prestações para pagar, mas comprei meu apartamento que eu tanto queria... Enfim, aquilo foi uma realização também. Eu não tinha nada, só tinha um apartamento, não tinha móveis, não tinha nada. Eu me lembro de que quando eu me mudei, em um período antes eu não tinha nada, tudo o que eu tinha, juntei e coloquei naquele apartamento para comprar e não sobrou nada, nada, nada... Quando eu me mudei eu tinha outro fusquinha, porque aquele outro eu já tinha vendido, mas eu me lembro de que um dia eu fui para lá e eu tinha ido dividir despesa com uma pessoa ali próxima do que chamam de Avenida do Arco Prado da cidade, eu fiquei por seis meses porque não podia pagar aluguel caro e pagar aquele período do móvel que está sendo entregue, e aí quando saiu eu levei tudo o que eu tinha dentro daquele fusquinha, eu ainda lembro que a porta abriu na Marginal, caíram as minhas coisas... [risos] Eu acabei chegando lá, mas não tinha nada. Eu não tinha guarda-roupa, aí eu coloquei um tipo de mancebo para colocar roupa e uma vassoura onde penduravam as roupas... Aí foi. São coisas as quais eu me lembro com bastante tranquilidade, acho que foram desafios os quais eu fui superando, enfim... Depois, evidentemente, passei focado trabalhando muito, eu sempre trabalhei em dois lugares, sempre fui assim, igual agora, eu trabalho aqui, trabalho no estado, [20'] estou na graduação, estou no mestrado... E antes disso tiveram outros desafios né, em 2000, por exemplo, eu achei que tinha que fazer mestrado, aí eu resolvi entrar no mestrado e fiz administração de empresas, entrei no mestrado e também não tinha muita noção, aí advinha qual foi o meu tema de pesquisa? "Motivos da escolha profissional". __________ e isso era uma coisa da qual eu entendia, trouxe aquilo desde a minha realidade de como é escolher uma profissão sem saber exatamente o que escolher, resolvi investigar sobre isso.


Pergunta:
E na sua resposta você colocou que era escutar quem já estava estudando dois minutos antes de se inscrever...


Resposta:
Não foi bem assim não, na verdade não. [Risos] Minha resposta foi muito pelo ao contrario, eu fiz uma investigação profunda, fiz uma pesquisa e investigação de todas as teorias e eu... O que eu queria provar, eu também não provei. Eu queria provar que a escolha é influenciada por alguém, mas na verdade eu não consegui provar essa hipótese lá. Fiz pesquisa quantitativa, com dados multivariados, mas as pessoas não confirmam isso. Eu trabalhei sempre com estudantes universitários e eles entendem que não, que a escolha é uma questão deles mesmo, tal como aconteceu comigo, eu escolhi porque eu quis escolher aquilo. Eu me lembro de que na época, os resultados, que não tinha na internet, saiam publicados no jornal, não sei se na Folha de São Paulo ou no Estadão de São Paulo... E quando saiu a divulgação em 1989, na verdade, em 1986 saiu isso, e aí o pessoal falou: ‘Ah, a gente não acha você na lista, todo mundo está te procurando', aí eu falei: ‘Não. Mas se vocês me procurarem na pedagogia, vocês vão me achar', estava todo mundo procurando na administração [risos].


Pergunta:

Aí quando você foi fazer o mestrado você resolveu pegar...


Resposta:
Aí eu peguei. Aí eu fiz o mestrado em administração de empresa. Mas também depois eu descobri que eu estava perdendo o foco, estava perdendo a identidade porque eu sou uma pessoa formada em pedagogia, área de educação, formada em letras, português e inglês, já tinha me especializado, aí sim eu já tinha o domínio da língua inglesa porque fui estudar fora, já tinha feito vários cursos de aprofundamento... E aí, assim, eu falei: ‘Espera um pouco só'... Comecei a lecionar no ensino superior em 2003, mas o que eu cheguei à conclusão foi o seguinte, que esse mestrado, naquela época, não era reconhecido pela CAPES, e eu fiquei muito preocupado, falei: ‘Meu Deus, eu consegui um emprego e esse mestrado não é reconhecido. E agora?'


Pergunta:
Aonde você fez?


Resposta:
Eu tinha feito na Álvares Penteado, na FECAP. E aí eu fiz esse mestrado, fiquei muito preocupado e pensei: ‘Nossa! Será que eu vou perder o meu emprego por causa disso?'. Bom, entrei, e o que eu fiz... Eu fiquei aguardando. Em 2004 eu estava no estado e o mesmo começou um programa de bolsa mestrado, eu concorri ao programa de educação, falei: ‘Vou fazer mestrado em educação', entrei e consegui a bolsa, comecei a estudar, aí...


Pergunta:
Em qual fundação?


Resposta:
Eu fiz na Fundação São Marcos, em educação. Aí eu fiz na fundação São Marcos em educação e quando foi em julho saiu a convalidação, aprovação do conselho nacional do meu mestrado em administração. Bom, estava validado, estava tudo certo, só que eu não podia desistir do mestrado em educação, porque se eu desistisse, eu teria que pagar, teria que devolver a bolsa para o estado, e falei: ‘Não. Não vou desistir. Agora vou continuar. ' E aí o que aconteceu... Isso já em 2004. Eu comecei a fazer também em 2005... Comecei a ir para a UNICAMP, como aluno especial, porque eu já comecei a ir pensando no doutorado. Eu concorri, entrei no doutorado em 2005 e, detalhe, eu estava fazendo ao mesmo tempo o mestrado e o doutorado... Então foi um período também terrível. Trabalhando em três lugares, estava no mestrado, que eu não tinha conseguido terminar, e já tinha entrado no doutorado. Aí eu fiquei tocando o mestrado e o doutorado, consegui o fim do mestrado em março de 2006, para eu ficar só com o doutorado... Mas foi um período puxadíssimo para mim. E aí eu corri, fiquei só com o doutorado que eu defendi em 2008. Foi isso. Essa é a minha trajetória de informação na área da educação.


Pergunta:
Qual foi a primeira que você ouviu falar da USCS?


Resposta:
Então, a USCS também foi uma coisa curiosa... Na verdade eu descobri por um concurso, eu me lembro de que eu estava tentando um concurso público porque eu queria entrar em uma [25'] universidade pública. Estava tentando algumas... Já estava trabalhando em instituições privadas... Mas eu tinha um interesse muito grande em trabalhar em uma instituição pública. Aí aqui _____ o concurso, eu me inscrevi e, como não poderia ser diferente, eu me inscrevi no último dia, paguei o boleto no último minuto, depois das 22h da noite, paguei o boleto e tal. E aí o que aconteceu... Como eu me inscrevi, eu olhei no site, aquela coisa toda, não sabia muito da USCS, mas eu vi e todo o meu conhecimento sobre ela foi com relação àquilo que eu encontrei no site, mas sabia que era uma universidade municipal daqui da região e tal. E aí começou o concurso que contava com umas fases, e eu havia entendido que eu ia ter que participar de uma escolha dos temas para a prova e como eu não vim, eu entendi que estava eliminado, porque não pude vir e tal. Eu me lembro de que em um sábado, eu estava em uma escola com festa junina, fazendo sorteio de bingo, umas quatro e pouco da tarde, lá no palco, quando o telefone tocou e eu resolvi atender. Era a USCS me ligando falando que eu tinha que fazer uma prova no dia seguinte, às 16h. Eu falei: ‘Mas como assim? Eu não estou eliminado?', ‘ Não, você não está eliminado. Seu tema é este', falei: ‘Nossa! Está bom'. Bom, _____ e agora que eu passei, não sabia nem que tema era esse... Levantei no domingo cedo, resolvi preparar o tema, organizar a prova, aquela coisa toda, mas eu não sabia chegar aqui, para variar... Eu falei: ‘mas como eu chego lá?'.


Pergunta:
E você morava aonde?


Resposta:
Eu morava já na Pompeia, onde eu moro até hoje. Falei: ‘Meu Deus como vou chegar nesse lugar? Mas vamos'. Saímos. E quem disse que a gente chegava aqui? Perdi-me e eu tinha que chegar aqui as 16h, cheguei às 16h30, e as provas eram das 16h as 17h. Eu falei: ‘Olha, eu vim fazer a prova, mas... ', ele falou: ‘Você tem meia hora para fazer a prova', ‘Vou dar a minha aula'. Aí eu peguei a aula e ele falou: ‘Olha você tem o tempo restante', eu falei: ‘Está bom, então vou usar o tempo restante'. Peguei os trinta minutos que restaram, falaram: ‘Lamento que a gente não possa fazer uma contribuição, mas usa aula foi muito boa, ', ainda brincou que eu era seguro, eu falei: ‘Eu não tenho problema com isso porque sou tranquilo, eu já sou um pouco habituado com câmera porque trabalho com EAD'... E aí saiu o resultado, acabei sendo aprovado em primeiro lugar, fui chamado e aí veio o dilema: ‘E agora?', tinha que escolher, tinha que me organizar, fiquei em dúvida se vinha ou não vinha e acabei vindo para cá. Vim para a USCS em agosto de 2011, estávamos no Campus Centro, a gestora do curso era outra pessoa... Aí eu fui me identificando com o curso porque a USCS tinha umas coisas interessante de poder desenvolver algo que eu não tinha conseguido anteriormente, por exemplo, aqui tem iniciação científica, eu comecei já a me envolver na pesquisa, coisa que eu não estava conseguindo fazer anteriormente e nós éramos cobrados sobre a questão da produção acadêmica né, produção científica, e existia, vislumbrava-se a oportunidade da gente tentar abrir um mestrado, enquanto era só uma hipótese, aquela coisa toda e tal... Então isso era uma coisa em que trabalhávamos muito em cima, a gente se encontrava... E o curso era um curso que eu admirava muito, pela proposta dele em si, então assim eu sempre trabalhei na área de politica e gestão, que é a minha área de atuação, de formação e de militância e aí foi... Bom, isso aconteceu... Eu me lembro bem que teve a mudança de gestão aqui em São Caetano, e aí eu me lembro que uma vez... Eu não sou muito de ficar buscando aquilo, aquilo outro e tal, e logo alguém me ligou... A ____ me ligou e falou: ‘Olha, o professor Biffi quer falar com você' e eu falei assim: Mas quem é Biffi?', eu nunca tinha ouvido falar do professor Biffi, nunca tinha ouvido falar do professor Baspo, porque eu ia lá dar algumas aulas, trabalhava no Campus Centro e vinha embora, nunca vim aqui [USCS Campus Conceição], e aí ele falou: ‘Você não sabe quem é?', a Cida: ‘Você não sabe quem é o Biffi?', falei: ‘Não', ‘Ele é o novo pró-reitor de graduação, falei: ‘Ah, está bom', ele queria falar comigo então eu vim aqui. Aí foi quando ele me fez o convite para ir para a gestão. A princípio, ele me chamou para vir para cá, explicou-me o porquê de ter me convidado, que era uma coisa um pouco menor, que eu trabalharia por um dia ou dois, no máximo, e era assim a princípio... Hoje, na USCS eu estou de segunda a sábado [risos]. Hoje eu estou na USCS de segunda a sábado [30'], assumi a gestão do curso, depois implantamos o curso de pedagogia à distância, coisa que eu particularmente gosto muito, eu tenho um carinho muito especial pela educação à distância, apesar das críticas que tem, eu trabalho muito com isso, acho que são alunos que necessitam de uma dedicação maior, que têm uma característica diferente e eu gosto muito de estar fazendo esse trabalho. Depois nós começamos a desenvolver o projeto de mestrado aqui na USCS, e aí eu acabei assumindo também, então agora eu sou o gestor em mestrado de educação na USCS também, que foi um projeto interessante que fizemos aqui, estamos indo para o terceiro ano e está sendo muito bem sucedido, graças a Deus. Isso é um apoio que temos que agradecer imensamente ao professor Bassi, é um professor que nos apoiou muito para que isso fosse possível.


Pergunta:
Nonato, como era aquela instituição que você encontrou em 2011 quando chegou aqui na USCS?


Resposta:
Como ela era?


Pergunta:
O que você pode... Em tese, você falou que nesse momento você tinha uma ligação muito mais relacionada ao curso, mas para quem não conhecia a instituição e passou a estar dentro dela, quais eram suas impressões sobre a instituição que você encontrou?


Resposta:
Então, a USCS... Primeiro que eu não me envolvi com a instituição como um todo, eu envolvi com o curso, certo? Então já tinha um envolvimento muito grande com o curso, com o grupo que nós éramos, um grupo bastante coesão, mas não tanto com a USCS. Você leva um tempo para conhecê-la. Então, eu via a USCS como uma instituição de ensino que tinha um diferencial interessante, que era o diferencial da USCS, isso é uma coisa que eu acho que ela trás e vem fazendo isso, eu falo isso com mais propriedade com relação da onde eu atuo, que é uma instituição que preza pela qualidade, então assim, eu digo isso com base a o que eu fui me apropriando da instituição e que eu ouço dos alunos, já que eu converso muito com eles evidentemente. Quem nos procura, ás vezes é porque aqui tem um diferencial, então quem eu conheço fala o seguinte: ‘Eu procurei a USCS porque não queria estudar em uma instituição A ou B, porque a USCS tem essa proposta'... Nós somos escolhidos porque as pessoas acreditam no projeto, porque as pessoas acreditam na instituição, porque as pessoas acreditam na política institucional dela, então você fala: ‘Como era a USCS naquela época e como é hoje?' Foi um período um pouco difícil, eu me lembro bem disso, foi um período um pouco... Financeiramente, foi um período um pouco complicado. Eu peguei um período pequeno do professor Silvio, depois já foi com o professor Bassi, que assumiu a reitoria, e teve um processo ascendente, então eu percebi que nesse período nós tivemos um crescimento muito grande, nós chegamos quase que a triplicar o tamanho do curso porque a instituição nos deus oportunidade, você não consegue crescer se você não tiver suporte, e nós tivemos esse suporte, então assim, quando eu falo crescer... Existe um interesse muito grande entre nós enquanto gestores e professores que o curso seja muito bem sucedido, o sucesso dos alunos é o nosso sucesso, e isso a USCS nos proporcionou. Isso é uma coisa que eu tenho percebido, que com o passar do tempo a USCS busca isso, e isso para nós, evidentemente, como educadores e que acreditamos na educação, é uma realização muito grande.


Pergunta:
Você participou de momentos importantes da história da instituição, seja na gestão do curso de pedagogia, seja como você falou dos projetos de EAD e do projeto do mestrado de educação né... Tanto nesses momentos, ou em outros do dia a dia, na sala de aula, nessa relação com os alunos... Tem alguma história ou histórias que você ache importante deixar registrado para um projeto de memorias como esse?


Resposta:
Olha... Deixa-me pensar um pouquinho... A respeito do que eu entendo que é isso... Eu acho que vale a pena deixar... Memórias para mim é uma coisa que vem de tempo, eu não sou uma pessoa antiga aqui, eu sou uma pessoa contemporânea, então todas as minhas memórias são muito recentes, mas o que eu acho que deveria ser registrado [35'] nesse projeto, nessa comemoração, é o que nós conseguimos de êxito nesses últimos anos, que foi: estabelecer um curso, por exemplo, nós conseguimos obter um ótimo resultado no ENADE, isso para nós foi uma conquista grande, isso em 2011, eu cheguei e acreditava muito nisso então eu trabalhei com essas turmas, a turma que fez o ENADE em 2011... Eu lecionava dois dias por semana com eles e eu comprei essa ideia, eu trabalhei com eles diretamente e eu fiz um trabalho de convencimento, de comprometimento com eles, que os fizeram se envolver muito com isso, tanto é que eles foram todos, todos fizeram a prova e todos estavam me aguardando no dia para devolver o caderno da prova, e nós tivemos um ótimo resultado, porque tínhamos alguns combinados, aí eu disse para eles: ‘Se vocês se dedicarem nessa prova, ficarem até o final e operarem lá, nós certamente teremos um ótimo resultado', isso eu consegui, então isso é uma coisa muito importante. Em 2014, que foi o próximo, nós não fizemos foi opção de não fazer, mas em 2017 nós fizemos e esse resultado está prestes a sair, mas eu já tenho uma prévia de que nós seremos bem sucedidos novamente. Então são coisas assim, que eu acho que são propostas, projetos que eu acredito e que eu vou sempre pelo convencimento, eu vou sempre pela motivação de que as pessoas são capazes, independente das suas fragilidades. Uma coisa que eu sempre faço... Que eu aprendi muito com isso é que todas as fragilidades, eu busco transformá-las em potencialidades. Acho que todo mundo tem potencialidade e eu trabalho muito nisso. Eu faço muito isso com os alunos e nós obtemos esses bons resultados. Agora, por exemplo, nós vamos ter os resultados da primeira turma de educação à distância, e eu acredito que teremos um resultado melhor do que no presencial, apesar das pessoas não acreditarem na educação à distância. E é uma turma que eu tenho uma relação maravilhosa porque eu faço questão de estar presente em todos os encontros presencias que eles fazem, eu venho todos os sábados, estou sempre, vou ás salas, converso com eles... Então eu acabo não tendo reclamações, eu me tornei muito querido por esses alunos porque como eles são da educação à distância e vêm aqui, eles querem conversar comigo então eu vou às salas eu estou em todas as provas, encontro com eles, chego cedo, fico até o término, estou sempre ali à disposição deles. São coisas minhas, eu não precisaria fazer isso, mas eu faço, eu acho que é uma atenção que eles merecem e isso enaltece o nome do curso, o nome da instituição, e se eles acreditam e depositaram atenção conosco, espera-se um bom atendimento, eu acredito muito nisso.


Pergunta;
O que a USCS representa hoje na sua vida?


Resposta:
Ah, representa muita coisa. A USCS é muito importante para mim no sentido de que... Eu tinha um sonho muito grande de ir para o Stricto Sensu, e foi a USCS que me deu essa oportunidade. Hoje eu sou um professor, pesquisador, coordenador de um programa do Stricto Sensu, respeitado entre as universidades e os programas do Brasil, estive em um congresso recentemente na Europa, então... Quando você faz parte desse grupo, de um programa de Stricto Sensu, isso representa algo muito importante na carreira profissional de um educador, e eu só consegui isso graças a USCS, porque ela nos deu a oportunidade de abrir, de criar um projeto, então ela acreditou naquilo que nós defendíamos, e nós fomos em frente, conseguimos e já estamos indo para o terceiro ano, batalhando agora para ter um bom resultado em 2020, para em 2021 tentar um doutorado em educação.


Pergunta:
Não deu para comprar um Escort XR3, mas um mestrado em educação...


Resposta:
Ah... Mas as conquistas financeiras eu já acho que eu consegui bastante coisa, mas eu sou uma pessoa profissionalmente realizada, feliz, de verdade, eu falo isso com absoluta propriedade, [40'] eu acredito no que eu faço, acredito na educação, acredito nas escolhas e eu sou muito feliz em ser um educador e bem sucedido em todos os sentidos, inclusive financeiramente, graças à educação. Eu sei que tem gente que fala que não acredita nisso, mas eu acredito.


Pergunta:
Quando você essa sua trajetória tão bonito de vindo lá de uma cidade muito pequena, a dificuldade para estudar, ir morar em uma cidade que você não conhece... O que você acha que foi determinante e que serve de dica para as pessoas para esse desenvolvimento de carreira, para essa realização que você afirma ter?


Resposta:
Perseverança. Acreditar em você. Eu sou uma pessoa que não desisto, eu tento e tento... Se eu desistisse depois de todos os "não" que eu tive, todas as reprovações, porque eu já tive reprovações, não foi fácil ingressar, por exemplo, em um programa Stricto Sensu, eu me lembro de que uma vez eu concorri ao mestrado, tinham nove vagas, eles selecionaram dez candidatos para a entrevista e eu falei: ‘Gente! Não é possível! Eu vou entrar dessa vez, não é possível que eu vá ficar fora', e eu fiquei fora, mas isso não me diminuiu, eu continuei insistindo, então assim, eu acho que a perseverança é importante e você não consegui alguma coisa, algo que você está tentando, você não tem que desaminar, você tem que entender que aquilo anda mais é do que um alerta para você voltar com mais força, insistir mais, verificar e avaliar onde estão suas fragilidades, e retomar, que você consegue. Eu sempre acreditei, eu sempre acreditei nas coisas, acho que nada é impossível, algumas coisas são mais desafiadoras do que outras, só isso. E quem acredita na educação vai longe, ela realmente tem um poder de transformação muito grande, ela muda a sociedade, ela muda o mundo, ela muda nossas vidas. Eu digo isso com muita propriedade. Sou uma pessoa que acredito muito na educação, acredito muito no que ela pode fazer, sou um defensor da escola pública, de uma escola que acolhe a todos, acredito nos projetos sociais, acredito em uma boa formação,... Nós temos a responsabilidade de sermos bons profissionais, formar bons professores, para que esses bons professores possam fazer a diferença na vida das pessoas, crianças e jovens que viram ai, são filhos e netos de vocês que estarão sob a nossa responsabilidade.


Pergunta:
Nonato, mais alguma coisa que você acha importante destacar?


Resposta:
Não, acho que falei bastante [risos], está bom.


Pergunta:
Bom, só posso parabeniza-lo por essa trajetória tão bonita, agradecer pelo tempo aqui conosco e dar os parabéns mais uma vez.


Resposta:
Obrigada!

Lista de siglas presentes na transcrição:
OSPB - Organização Social e Política Brasileira.
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
FECAP - Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado.
USCS - Universidade Municipal de São Caetano do Sul.
EAD - Ensino à Distância.
ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes.


Acervo Hipermídia de Memórias do ABC - Universidade de São Caetano do Sul